segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A VIOLÊNCIA - ABSTRATA - CONTRA A MULHER

Nas ultimas semanas temos acompanhado em âmbito nacional, dentre outros do mesmo gênero, o caso do goleiro que é acusado do homicídio de uma “modelo”, sua ex “alguma coisa”.
Ontem numa conversa com a minha avó, ela, sábia como sempre, disse uma coisa que me fez refletir. Que sempre existiram homens ruins, mas hoje eles estão até mesmo matando as mulheres, quando não fisicamente, em vida. Fiquei pensando se ela disse de forma generalizada ou se estava se referindo especificamente a mim. O curioso é que eu partilho do mesmo pensamento, apenas não havia externado.
Acompanhando as ultimas noticias, vejo que a cada semana surge uma nova mulher no caso do goleiro. A moça que foi assassinada, a ex mulher, a noiva, um caso com uma tal de mulher alvo(fala sério!!!) e agora outra que se diz a nova namorada e também suspeita de envolvimento do crime da “modelo”.
Aí fiquei me questionando sobre a noiva, que acreditava em um relacionamento com ele a quase dois anos, enquanto ele a enganava com qualquer uma por aí. Segundo uma entrevista, ele freqüentava a casa dela todos os dias, tinha um ótimo relacionamento com os pais dela, e não tinha uma vez que ela ligasse que ele não atendesse (talvez ela nunca ligasse, ou pelo menos a noite, pois pelo que parece ele era assíduo freqüentador de festas), enfim, se mostrava o genro que a mamãe pediu á Deus. Da noite para o dia a moça descobre seu amor metido dos pés a cabeça numa trama digna de CSI e ainda, rodeado de mulheres como um rapper americano. E o pior, já pensou descobrir tudo isso pela TV? E uma mulher em rede nacional dizendo que vai casar com seu noivo?? Isso com certeza é um pesadelo! Ela também, de certa forma morreu tal qual a outra moça, a “modelo”. Ficam aqui os meus sentimentos para esta moça, pois entendo, mais do que gostaria e preciso, o que ela está passando. A diferença é que talvez nunca saiba e nem sei se quero saber, se fui traída.
Mais perto de mim, uma amiga que está passando por uma situação que também não é das melhores. Assim que engravidou do namorado, casou na igreja com direito a vestido branco, festa e tudo mais. Ele tinha passado recentemente num concurso para a policia militar do estado vizinho, e tudo estava muito bem encaminhado. Acontece que ela não tinha emprego e ele sabia quando resolveu casar, só que hoje a situação mudou. Por outro lado ela se acomodou e hoje o casal vive as turras. Pra resumir, minha amiga morre a cada dia através do tratamento dispensado á ela, as humilhações, as possíveis traições e a indiferença. Está sem norte, mas quem sabe, através do incentivo de amigos não possa se restabelecer? Amigos e familiares são indispensáveis nessas horas difíceis, porém curiosamente são as horas que eles menos aparecem.
O termo morrer a que me refiro aqui é a depressão, que nesse caso é desencadeada como uma forma velada de violência contra a mulher. Como uma areia movediça, que quanto mais o tempo passa, mais te consome e há menos chance de saída. De repente a vida perde a cor, o sabor. As madrugadas passam de cúmplices silenciosas do amor para uma constante instigadora do medo. O travesseiro, o único amigo a agüentar seu choro, seu desabafo. Os amigos já não se fazem mais presentes como você gostaria e você acaba por estabelecer uma confusa relação entre carência e querer estar só. Tudo fica mais longe, mais difícil.
O coração fica pesado e ao se descobrir acordado você quer dormir de novo. A angústia não vai embora nunca e os dias passam a ser um só que não passa nunca. Você perde a fé em si e no outro. Perde a fé no amor e nos seus sonhos e isso é o pior de tudo. Na verdade, pior ainda é a indiferença que você passa a ter com si mesmo, você pra você tanto faz.
Mas como alguém pode fazer isso com outro? É o que me pergunto todos os dias. Em que momento você permite que alguém adentre a sua vida a ponto de te levar de você? Pensei que se precisava ser muito frágil para que alguém tivesse o poder de destruir sua vida. Mas não. Antes se tinha vida, e por que agora não?
Infelizmente, por mais que eu tenha refletido muito a respeito, meu campo de compreensão não abarca esse raciocínio de alguém, mesmo sem querer, ter domínio sobre o outro. Assim como eu, acho que ninguém deve ter essa resposta, se assim fosse uma parte dos problemas mundiais estaria resolvida.