Ontem faltou energia. Quando soube da noticia, dada pela minha miga Talga, encontrada coincidemente no ônibus, exclamei aborrecida: " Mais antes tivesse ficado na rua!", esquecendo momentaneamente até da minha avó, que poderia estar sozinha.
Realmente faltar energia não é mesmo uma coisa muito boa quando não se é assaltante ou não se está no começo de um namoro, mas ontem as coisas foram diferentes. A penumbra e o clima mais amen após a chuva completavam-se perfeitamente com a minha solidão neutra. isso me permitiu ficar mais ainda na minha própria companhia do que em outras noites mais iluminadas. Me dei muito bem comigo mesma essa noite.
A companhia de uma lanterna me bastou bem mais que algumas noites em mesas de emsimesmados errôneos.
No inicio pensei em uma noite longa, fria e triste (ainda mais depois que o celular descarregou), mas o clima neutro (nem calor, nem frio) me tornou seu igual, me fazendo analisar os acontecimentos da semana de um degrau acima. Me permitindo cochilar com janela aberta, sem medo, sem pressa de ir ao banho ou fazer o jantar. Me permitindo ficar um pouco mais no chuveiro, com a liberdade de prolongar as sensações sem culpa pelo tempo. No escuro só vemos o que é maior, mais importante. Não há culpa de ter enxugado o banheiro direito ou não, por exemplo. Mas só mesmo o acaso pra fazer isso, pois apesar da experiência ter sido proveitosa, acharia uma idéia bem maluca (uma vez vi na Vida Simples uma idéia parecida: passar um fim de semana sem contato com nada, nem niguém. pensei: "Legal. mas não é comigo." O engraçado é que antigamente eraassim e ninguém vivia com stress.). Porém vi que de vez em quando é preciso desligar mesmo de tudo, para que sejamos instigados a buscar a luz que existe dentro de nós.
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